Ouvi o professor Carlos Neto, professor catedrático de motricidade humana, falar na urgência de devolvermos às crianças tempo livre para brincarem sem interferência do adulto e com direito à autonomia. O mesmo conselho dou ao adultos, é urgente sentir que o corpo não é só para ser cuidado quando chega o Verão porque vai ser exposto na praia e observado quando tem alguma dor. O corpo deve estar em cuidado e observação permanentes, principalmente quem trabalha muitas horas na mesma posição, normalmente sentado e em frente a ecrãs.
É urgente movimentar-se, fazer caminhadas, fazer alongamentos, ginástica, yoga, Pilates, Tai chi, dançar, ouvir música, cantar, ler poesia alto, massajar o corpo, receber massagens, enfim. Hidratar, alimentar-se bem, expor-se ao sol, ter roupa e calçado confortáveis. Já pensou o quanto o seu corpo vai agradecer se desistir de roupa elástica e saltos altos?
Acha que faz sentido passar 9 horas sentado ao computador a olhar para ecrãs e depois 3 horas no ginásio agarrado a máquinas? Quando é que respira ar puro, observa o céu e as nuvens. Já sentiu o cheiro do funcho? Já observou animais? Já visitou reservas naturais este ano?
A tecnologia veio para ficar mas o equilíbrio e o bom senso são fundamentais como defendia o pedagogo francês Celestin Freinet (1896-1966).
Basta sairmos para a rua para constatarmos a olho nu que a obesidade e o sedentarismo estão a proliferar e a isto junta-se a comida rápida, o stress, o tempo muito e mal preenchido. Em tempos de tecnologia quem souber olhar as nuvens será mais saudável e quem conseguir dizer não ao vício dos écrãs e à tentação da relação virtual terá uma vida mais real e autêntica.
Remar contra a maré! Por uma questão de autopreservação.
foto: Robert Collins
