Será muito curioso e lamentável constatar a diferença de julgamento de homens e mulheres. Facilmente se reconhece que o corpo e a ética da mulher estão sob total escrutínio e vigilância enquanto o homem vê o seu raio de acção bastante alargado.
O nosso actual Presidente da República deixa-se fotografar em trajes de banho várias vezes e não tem pejo em beijar e abraçar. Vi há pouco tempo uma fotografia sua a beijar a barriga de uma mulher grávida. E, por estas e por outras, é apelidado de presidente dos afectos. Já o seu antecessor era o oposto.
Sem opinar sobre isto, nota-se imediatamente o tom severo com que se trata uma mulher cuja afectuosidade seja pública e cujo corpo seja mostrado. Muito se fala da Primeira-Ministra da Finlândia ter sido fotografada a dançar e a celebrar. Curioso que a alegria e a diversão ainda sejam conotadas como superficiais e impróprias quando as pessoas têm responsabilidades políticas, principalmente se for uma mulher jovem. Mais me espanta que uma festa de amigos tenha sofrido da síndrome da visibilidade: hoje para se afirmar que se viveu tem de se publicar numa rede social. Já não basta a vida, interessa o que se mostra.
O quanto ainda temos que caminhar... o quanto a nossa sociedade ainda tem que percorrer para compreender que as diferenças fisiológicas assinalam a diversidade na natureza e as diferenças de carácter assinalam a evolução espiritual. Que os arquétipos de homem e mulher são uma criação nossa e que os valores e as acções são mais importantes que a aparência e as intenções.
As personalidades políticas devem ser medidas pelas acções que se traduzem numa sociedade mais igualitária, justa e consciente. Este deveria ser o lema de qualquer figura política. Temos de abandonar uma vez por todas o sensacionalismo e o populismo e exigir acções, honestidade e consciência social.
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