Faleceu ontem a poeta (poetisa) portuguesa Ana Luísa Amaral, nascida em 1956.
Uma voz ímpar na cultura portuguesa, não só como poeta mas como tradutora e professora de Literatura e Cultura Inglesa e Americana.
Fez um doutoramento sobre a poesia de Emily Dickinson e especializou-se em Poéticas Comparadas, Estudos Feministas, Estudos Queer.
Na Antena 2 conduzia com Luís Caetano o programa 'O som que os versos fazem ao abrir'. Entre os vários prémios que recebeu destaco o Prémio Rainha Sofia (2021).
Homenageio esta grande mulher de cultura com um dos seus poemas:
A AGONIA NO JARDIM
A solidão avança como onda,
ausente
toda luz
Saísse eu deste quadro,
poderia tocar o tronco amargo,
os ramos mais esguios dessa oliveira,
libertar-me das mãos
Podia ainda, se quisesse,
inventar vento
aproveitando a chama que ele
ostenta
Devo ceder a quê?
À história que contaram
sobre mim?
Eles não sabem da história mais de dentro,
a que me fez chegar até aqui,
sabendo finalmente:
que dizer sim
era morrer por dentro
que dizer não
era afogar-me nessa longa chama,
numa Palavra –
em mim
Ana Luísa Amaral, Ágora