top of page
  • Foto do escritorDra. Fátima Santiago

As redes sociais não são espaço público


Já pensou como as redes sociais limitam ou condicionam a sua vida? E atrás delas os pequenos ditadores que carregamos no bolso, com acesso ao mundo através da internet, com um sistema inteligente que permite através da nossa localização dizer-nos onde comer, o que visitar e como ocupar o tempo que nunca sobra?


Voltando às redes sociais, talvez não seja mesmo redes sociais porque não são espaço público, como diz o filósofo português André Barata no livro "E se parássemos de sobreviver?" Na realidade as redes sociais são apenas e só uma empresa privada que utiliza o nosso tempo, vende no nosso tempo, a nossa atenção e os nossos dados a empresas e marcas que, tendo coisas para venderem, lutam através de imagens, textos e vídeos pela nossa atenção, pela nossa adesão e pelo nosso dinheiro. Dinheiro que precisamos primeiro de obter através do trabalho, quase todos, que ocupa tempo.


Aquilo que aqui escrevemos não é livre, totalmente livre, o debate é fraco e perene. O que escrevi no mês passado já está perdido neste rolo de publicações que são de muito difícil acesso. Já pensou que o acesso à cronologia do facebook é muito moroso?


E já pensou como facilmente 'se vende' a intimidade, se trocam insultos directa ou indirectamente? Talvez a 'rede social' seja apenas um reflexo do comércio, da sociedade capitalista em que tudo se vende e tudo se troca e tudo serve para ganhar dinheiro. Há workshops sobre tudo o que naturalmente fazemos na nossa vida, já reparou? Já não nos podemos dar ao luxo de conversar sobre um tema e ensinar sem pensar em cobrar uns tostões.


Olhar para écrãs à procura de interação gera ansiedade e stress e é um círculo vicioso porque projectamos na rede social o sinónimo de estarmos presentes, vivos, activos e dinâmicos. Parece que hoje se fizermos uma caminhada sem fotografar e publicar, essa caminhada não existiu. Parece que só sendo alimentada com opiniões e gostos de outras pessoas ela se torna uma memória de valor, com sentido.


Porque temos tanta necessidade de espelhar o nosso quotidiano? Porque não é suficiente o que fazemos para nós e para os que nos rodeiam? Por que é que a intimidade se tornou pública e vendável?


Hoje deixo mais perguntas que respostas, para ir reflectindo. Não se esqueça que quase todas as publicações desta página estão no blogue, para que sejam fáceis de encontrar, de ler, de reler, de partilhar e para que permaneçam com os riscos que isso evolve.





3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Seitan

  • Facebook
  • Instagram

 

 

©  2024 por Medicina Integrativa Dra. Fátima Santiago

bottom of page