Digo muitas vezes a pessoas amigas que têm uma perspectiva da vida integrada com a espiritualidade, que estamos a passar uma fase de muitos testes.
O local de trabalho onde alguns de nós, como eu, passam muitas horas reflecte grande parte da aprendizagem espiritual que nos é proposta. Não é fácil mas quando o desafio é ultrapassado podemos descansar até vir o próximo. Acontece que estes desafios são cada vez mais claros a quem se propõe fazer uma caminho de crescimento e por vezes essa clareza torna mais acentuados os casos de injustiça por que temos de passar com leveza e aceitação.
Já se diz que para conhecermos uma pessoa basta dar-lhe poder. Assim se vê o quanto essa pessoa a torna mais justa e ponderada ou mais agressiva e incoerente. Tanto no ambiente doméstico ou privado como no ambiente profissional e público há subtilezas que podem tornar-se pequenas agressões e até assédio por pessoas que inconscientes da sua responsabilidade tomam o poder como se fosse um motivo de revelar o pior dentro de si de forma prepotente. Assédio não representa apenas as investidas sexuais desrespeitosas mas toda a forma de prepotência em relação ao outro, quer se concretize com ameaças, maus-tratos, ameaças ou coacções e outros actos de intimidação psicológica, emocional ou física para conseguir sobrepor a sua vontade ou obter mais poder.
Estes casos têm sido cada vez mais denunciados e isto prova os momentos de grande teste que todos estamos a viver. O ambiente está mais agressivo, a pandemia parece que tornou o fosso entre as pessoas conscientes e inconscientes maior. De um lado cresceu a empatia e do outro a ira.
Como lidamos de forma pacifica, serena e madura com a injustiça, a intimidação e a prepotência? Cuidando da nossa energia para que essas energias densas encontrem uma barreira e se dissipem ou reconheçam a negatividade que acarretam para si próprias e para os outros. Talvez as pessoas mais agressivas sejam mais as pessoas que mais dores carregam. Talvez.
foto: Salman Hossain Saif
