Hoje celebra-se o nascimento de Jorge Luis Borges (1899-1986, Argentina), o grande escritor e pensador que muito me admira não ter sido Prémio Nobel da Literatura, uma prova que os prémios nem sempre contemplam todos os merecidos.
Decidiu que queria ser escritor muito cedo, aos 6 anos. Pode ser sido apenas sorte coincidir a vontade de 6 anos com o destino, mas logo cedo começou a escrever, ajudado pelas leituras e pelo incentivo dos pais.
Veio com a família para Genebra quando iniciou a 1ª Guerra Mundial e conquistou a Europa e o Mundo com os seus contos, crítica literária, poemas. Foi bibliotecário, professor de literatura inglesa e conferencista itinerante. Em 1955, Jorge Luis Borges foi designado diretor da Biblioteca Nacional.
Padencendo da mesma doença que o pai, cedo perdeu a visão e começou a ditar os seus livros, primeiro para a mãe e depois para a aluna, assistente particular que se viria a tornar amiga e depois esposa, Maria Kodama. O prestigiado conferencista e escritor Alberto Manguel (1948, Argentina) lia em voz alta para Borges, quando este já tinha perdido a visão.
Finalizo esta menção em forma de homenagem com este excerto do conto 'O Fazedor' "Spinoza entendeu que todas as coisas querem perseverar em seu ser; a pedra eternamente quer ser pedra e o tigre um tigre. Eu permanecerei em Borges, não em mim (se é que sou alguém), mas me reconheço menos em seus livros do que em muitos outros ou do que no laborioso rasqueado de uma guitarra. Há alguns anos tentei livrar-me dele e passei das mitologias do arrabalde aos jogos com o tempo e com o infinito, mas esses jogos agora são de Borges e terei que imaginar outras coisas. Assim minha vida é uma fuga e tudo eu perco e tudo é do esquecimento, ou do outro."
