Quando nascemos, sentimos a separatividade, a solidão, de repente e bruscamente, somos banidos de um aquário confortável e amortecido, estamos fundidos e confundidos no seu denso seio...depois, somos expulsos do paraíso, a polaridade inverte-se ruidosamente, se não chorarmos violentamente a polaridade não se inverte e não começamos a respirar, não invertemos o sentido, a circulação sanguínea não se faz.. depois dessa vitória, temos de estar em permanência junto ao corpo da mãe, sentir a sua pele, o bater do seu coração, o seu cheiro a comida...a dependência é total e durante o tempo necessário para adquirir uma individualidade, um EU.
Começa aí. logo à nascença, a procura da zona de conforto.
E essa procura constante contínua no tempo, constantemente procuramos a chamada zona de conforto. E é perfeitamente normal que assim seja, porque o conforto, segundo o dicionário português é aquilo que revigora, que fortalece, um bálsamo, portanto. E todos, absolutamente todos, precisamos de revigorar o corpo e mente para continuarmos a dar passos na procura do crescimento e da evolução humana e na sua obrigatória transcendência espiritual.
No entanto, associados à zona de conforto estão o apego e o hábito. O apego pode conduzir a uma falta de discernimento e a mais sofrimento, dado que manter relações que nos colmatem a solidão, pode tornar-se mais importante do que o próprio processo evolutivo do indivíduo. E bem sabemos que o processo evolutivo, no qual o ponto de partida é o nascimento, não se compromete com estagnações mas antes com caminho, percurso e procura que pode gerar desconforto. O apego pode condicionar o amadurecimento do indivíduo e gera permanência.
Não confundamos aqui amadurecimento com crescimento espiritual.
O indivíduo (veja e saboreie a palavra-quer dizer, separado) toma consciência do impacto do seu carácter no mundo e do impacto do mundo no seu carácter. Por outro lado, o hábito não desafia as capacidades do indivíduo, acomoda-o no conforto do que é previsível, cronometrado e conhecido. O que é habitual, o que acontece com frequência além de certamente aborrecer não estimula minimamente as capacidades criativas e mentais do ser humano. E distancia-o cada vez mais da consciência de que tudo é efémero na matéria à qual se apegou e habituou.
Confundimos permanentemente conceitos, perdemos a noção do TODO e das partes no todo.
E criamos especialistas, especialistas de tudo, cada vez fomentando mais a separatividade.
O que cria o especialista é exactamente o desconforto, o que não é habitual. Pois o especialista é aquele que conhece várias formas, a teoria e a prática de determinada arte ou área de estudo. Normalmente um especialista ,por um lado, alarga um campo de visão muito específico e ao fazê-lo, perde a noção do TODO.
O artesão ou o cirurgião tornam-se mestres não porque fazem sempre o mesmo trabalho mas porque procuraram de forma prática, com as mãos conhecer a fundo o seu trabalho. O que tem a sua importância e acelera de alguma forma,o progresso da ciência e da tecnologia. Mas nós não nos podemos tornar andróides confortáveis e pré-programados, isto é o apogeu da Zona de CONFORTO.
Portanto, por mais que queiramos descansar, ter uma vida simples e com o futuro certo, a proposta da experiência humana é o desafio com vista à evolução, o desarrumar constantemente dos planos. Se não nota diferença em si de um ano para o outro, de um mês para outro, então está a faltar à importante tarefa de limar a sua "PERSONA" e a fazer a ponte entre a cognição puramente material e a experiência da mente com o espírito.
O tal salto quântico do qual tantos falam, sem saberem verdadeiramente do que estão de facto, a dizer.
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