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  • Foto do escritorDra. Fátima Santiago

Cuidados Paliativos


Sendo uma das minhas áreas de especialização, posso assegurar que ainda não estamos preparados para encarar o tema da nossa própria morte como algo natural e para o qual nos deveríamos preparar. Todos, sem excepção.


Muitos dos profissionais de saúde não estão preparados adequadamente para comunicar aos pacientes em fim de vida, ou com doenças potencialmente fatais a curto prazo. A típica frase: 'já não há nada a fazer, vai para os cuidados paliativos'', não pode ser a mais errada e inoportuna e pode representar um grande dano emocional ao doente que até então, lutou e submeteu-se a tratamentos e fármacos com esperança na cura ou no prolongamento da vida.


O paciente passa então do tratamento técnico na procura de cura ao cuidado visando o controlo de sintomas, o apoio psicológico a ele próprio e à família; esta fase da vida pode durar meses, não pense que os cuidados paliativos são para as pessoas na iminência da morte: esse é o grande erro de profissionais e não profissionais e do povo em geral. É exatamente aqui que os profissionais de Cuidados Paliativos se destacam, nesta fase da VIDA, durante a qual a optimização transversal do controlo de qualquer tipo de sofrimento, deveria existir.


Importa, ainda, esclarecer que os CUIDADOS PALIATIVOS PODEM E DEVEM COMEÇAR AINDA DURANTE O TRATAMENTO CURATIVO nas doenças potencialmente fatais ou graves. E ameaçadoras da vida.Ou seja, mesmo em doentes em tratamento com fim curativo, os cuidados paliativos podem intervir na ajuda no controlo sintomático, quando há um descontrolo dos sintomas. Um não começa quando o outro termina, integram-se.

A Enfermeira Margarida Alvarenga, sócia fundadora da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, disse numa entrevista 'tenho medo de não entrar com vida na morte'. Isto é, não se tem propriamente medo de deixar de respirar mas de tudo o que acontece até se deixar de respirar.


Os cuidados paliativos são o último conforto do doente, quer pela adequação do controlo de todos os sintomas que não apenas a dor física, como pelo apoio emocional prestado pelos profissionais de saúde. E há profissionais a fazer acções grandiosas para proporcionar aos doentes e aos seus familiares um fim de vida bonito e tranquilo. E disto sou testemunha diariamente. É na fase que antecede a morte que o paciente e os seus familiares mais precisam de apoio, cuidado e conforto para que o confronto com a morte seja o mais sereno e natural possível e para que sejam possíveis as despedidas e a verbalização do que se sente e se deseja.


Estar presente e dar a mão, dizer que se ama, que se perdoa a si próprio e que está perdoado; e agradecer: fundamental para uma morte tranquila, para se morrer em paz com a vida.

Afinal, o dia da nossa morte será apenas mais um dia da nossa vida.


fotografia: Fan Ho (1931-2016, Xangai)



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