Na ausência de referências, todas são válidas e nenhuma presta.
Cada vez que leio um jornal ou oiço as notícias na rádio, fico perplexa com a rapidez com que as coisas mais absurdas são disseminadas e contagiam um sem-número de pessoas.
Ora se aceitam teorias da conspiração sem nenhum fundamento. Ora se tornam verdades simples boatos. Ora se desce ao sexo dos anjos e agora parece que o sexo passou a género. Ora se muda a obra de um escritor porque ofende. Ora se deixa de dizer uma piada porque parece mal (eu própria gosto de dizer piadas).
Por outro lado, continuamos a ver os heróis da Marvel alimentar fantasias e psicopatias e a encher as prateleiras do consumismo infantil. Se não fosse dos EUA as modas viriam da China, que controla a produção das fantochadas criadas pelos EUA. Um inventa o outro cria e ambos controlam o imaginário das crianças e a vida dos adolescentes.
Se cada um de nós tivesse oportunidade de aceder a reflexões, questionamentos e ensinamentos sobre quem somos, o que fazemos e para onde vamos, estas ambivalências seriam mais ténues, estaríamos no caminho da iluminação, possível neste mundo, transcendendo materialismos obscenos.
O dinheiro que serve de base à economia é o deus que adoramos erradamente, recorde-se de que Alexandre, o Grande, quis ser enterrado com as mãos à vista para que todos vissem que ''os homens vieram ao mundo com as mãos nuas'', como escreveu Bertolt Brecht na peça As espingardas da mãe Carrar sobre a Guerra Civil Espanhola.
E por falar em guerras, as grandes guerras são alimentadas pela ganância do poder e do dinheiro. O santo Graal dos homens do nosso tempo: fama ou sexo, poder e dinheiro.
As famílias sem referências espirituais (e não falo em religiões) e sem referências sobre moral e ética, perdem-se numa sociedade cada vez mais opressora e violenta.
Podemos mudar todos os livros do mundo, para embelezar o texto e impedir ofensas, que não mudaremos a vil natureza do homem não transcendido.
Enquanto o homem não criar as suas referências baseadas em tudo o que a história ensina, não será mais do que um repetente de uma história já conhecida. Mais erudito e sofisticado, mas eternamente repetente.
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