JACINTA ARDERN marcou a história política do seu país não só pelo desempenho e trabalho mas pelas suas características humanas, provando que um bom líder ou uma boa líder não precisa só de carisma para vencer as eleições mas de motivação, competência e brio no comprometimento com o papel de governação e liderança.
Foi a primeira-ministra mais jovem do mundo (tinha 37 anos em 2017) quando foi eleita e a segunda a ser mãe durante o mandato, depois da paquistanesa Benazir Bhutto em 1990.
Conciliou a agenda política com a maternidade e a vida família de forma assumida mas sem mediatismos. Afinal, uma mulher pode ser mãe, ter um companheiro e conciliar a vida pessoal e familiar com um forte desejo e competência de liderar um país. Jacinda Ardern conquistou a Nova Zelândia pelo seu carácter amistoso e ao mesmo tempo determinado. Foi extremamente competente e foi exemplar do combate à pandemia Covid 19, o que lhe facilitou o acesso a um segundo mandato, inclusive com maioria absoluta.
Provou, mais uma vez, com a demissão que apresentou ontem que a humanidade está acima dos interesses políticos e que saber parar e reconhecer os limites está acima de qualquer juízo de valor. Quantos líderes tiveram a honra de se demitirem sem primeiro haver um escândalo ou um convite para outro cargo mais aliciante?
Depois da sua demissão foram vários os líderes mundiais que elogiaram o seu trabalho, inclusive o líder do partido da oposição. Ante qualquer adversário temos de reconhecer a verticalidade de carácter, o compromisso, a responsabilidade e a bondade.
Depois de escrever isto olho para Portugal e vejo os antípodas da Nova Zelândia, mesmo considerando as diferenças históricas, as particularidades geográficas e o poder económico. Um carácter firme e honesto pode trabalhar sob quaisquer condições desde que acredite no seu papel e tenha comprometimento e responsabilidade.
