Se soubesse que iria MORRER durante esta noite, o que faria?
De facto, o sono nada mais é do que o ensaio diário de pequenos passeios feito, por onde estávamos antes de nascer...e ninguém que seja malvado e queira o mal do outro, se torna santo só porque morreu..."que a terra lhe seja leve", dizia a minha avó Laura com imensa graça quando eu era pequena. "Não era boa rês vivo, não o será depois de morto." Tinha toda a razão, o "elogio fúnebre" é para os que cá ficam por enquanto...é uma questão de perspectiva.
Tinha mesmo de facto muita razão: o trauma do nascimento na matéria é de uma violência extrema, sai-se de um ambiente aquático e amortecido cuja interface é como uma nuvem protectora, ainda agarrados ao outro que nos acolhe e nos permite uma transição lenta e um suporte agora de matriz biológica e com nutrição constante e em que não precisamos de respirar, portanto não oxidamos nem envelhecemos...e de repente somos expulsos do paraíso: para o mundo aéreo e brutal que nos inverte a polaridade e obriga a gritar para continuarmos vivos...e de uma forma geral todos festejam menos nós ...e começa a solidão na matéria, a jornada dos sentires, da solidão, das emoções, dos prazeres, das vidas celulares e suas mortes programadas...
E de tal modo ficamos agarrados à vida que criminalizamos a morte, física, a morte é tabu, é negligência e é falta de competência médica.
Pensamos que somos imortais e vivemos de acordo com isso.
O parto espiritual, o final desse ciclo, será por todos nós medicalizado e deslugarizado ao extremo : como é possível morrer com tanta tecnologia e tanta ciência à nossa disposição?
PRATIQUE:
Atenção plena, em inglês Mindfulness - um termo tão conhecido hoje em dia.
E de que vale a pena recordar este conceito? Porque o presente é o único espaço temporal que realmente existe e sobre o qual vale a pena exercer a tal atenção plena. O passado já não existe senão na sua memória, o futuro não saberá se existe. Embora, na verdade, ele só se concretize no presente. Portanto, o futuro realmente não existe. Claro está que as obrigações de garantir o dia de amanhã nos impedem de vivermos como se hoje fosse o último dia. Mas, por vezes, estamos demasiado presos a convenções e a obrigações que nós próprios implantamos e das quais criamos tarefas e hábitos que nos ocupam a mente e o tempo.
Liberte a sua mente de dramas injustificáveis, enraíze o corpo mas tenha consciência que ele é um instrumento do espírito: e esteja presente. Aproveite a vida.
PORQUE SE MORRE COMO SE VIVEU, não tenha dúvidas.
![](https://static.wixstatic.com/media/6b3ce6_1ec98f449fb444a1842158539af6958e~mv2.png/v1/fill/w_72,h_48,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/6b3ce6_1ec98f449fb444a1842158539af6958e~mv2.png)