O espírito do universo do qual fazem parte a vida e a morte, o físico e o espírito, o visível e o invisível sempre apaixonaram o homem. Desta forma é-lhe possível alimentar a imaginação, contagiar-se com crenças e criar ficção.
Existem planos ou dimensões que coexistem mas aos quais não temos acesso. Alguns sentirão, outros terão medo, mas todos sabemos que existe mais do que o corpo físico que nos acompanha, que nasce e que morre. Somos como as plantas e como os animais, somos feito para ter um fim, esta informação vem nas nossas células, no nosso ADN. E tal como os animais e as plantas fazemos parte do ciclo da natureza, que termina e começa interminavelmente, enquanto necessário.
Podemos observar esses ciclos em todas as esferas das nossas vidas: no trabalho, nas relações, nas experiências e até no nosso estilo de vida e carácter. Ou melhor, deveríamos observar esses ciclos, compreendê-los e celebrá-los, ao contrários de os negarmos e reagirmos contra eles, evitando a mudança e temendo-a.
A morte é um dos momentos mais importantes da vida. Devemos pensar na morte não apenas para darmos à vida o seu verdadeiro valor e significado mas para cumprirmos o que do momento da morte teríamos pena de não cumprir.
À direita a vida e à esquerda a morte. Cara e coroa da mesma moeda. Este hábito de temer o fim das coisas, da vida, de não olhar para um corpo morto e sabendo que irá entrar em decomposição, de não reconhecer o fim, de o evitar, de valorizar o material acima do espiritual, de comprar coisas, possui-las, conduz-nos a uma imbecilidade, à ilusão, alimentadas por manobras de distração: álcool, drogas, sexo, futebol, que nos embrutecem e afastam do plano sensível do sentir. E é neste plano que entendemos a morte, que a acolhemos, que a respeitamos e que a olhamos como um momento para o qual nos devemos preparar, sem dramas.
Afinal há dois partos: o físico denso com dor, suor e lágrimas e o espiritual com parteiros diferentes mas infelizmente a maioria das vezes com lágrimas de sangue, de suor e de sensação de perda.
Se os funerais tivessem música, pessoas de branco e discursos de agradecimento e de homenagem não estaríamos a tirar a carga pesada e fúnebre deste momento?
Afinal o que é o corpo senão um instrumento do espírito eterno e universal?
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