Conhece o sabor do café, de uma limonada e do cacau? Ou será que o sabor mais proeminente é o do açúcar? Já reparou que a maioria dos bolos, tartes e afins tem um sabor excessivamente doce o que faz com que saibam todos quase ao mesmo? Se o açúcar prevalece para que juntar outros ingredientes?
Em muitos casos para reforçar o prazer em comer, já que existe uma ligação entre os receptores de odor no nariz e o cérebro. Há alimentos que não têm sabor como a baunilha mas têm cheiro, o que faz com que a degustação seja mais prazerosa.
É certo que o ser humano sente propensão para os sabores doces. Aliás, o leite materno é doce e os bebés sentem normalmente mais prazer pelos alimentos doces. Mas e apesar de cada um de nós já nascer com características distintas também ao nível do paladar, certo é que os pais não devem desistir de apresentar alimentos saudáveis e simples, cozidos a vapor sem sal, por exemplo. E além da importância de se oferecer, os pais devem sobretudo comer, mesmo que os seus filhos rejeitem. Até porque temos de comer várias vezes para decidir se gostamos e estas preferências também mudam ao longo da vida. As crianças repetem os pais pelo exemplo e não pela mensagem.
Convencionou-se o açúcar como uma aditivo indispensável ao paladar, como se os alimentos por si só não bastassem. Nada mais errado.
A indústria alimentar contribui para este vício desmesurado pelo doce (noutra altura também posso falar do salgado, embora hoje em dia o sal seja mais demonizado que o açúcar). Embora esta mesma indústria se queixe que os consumidores estão pouco receptivos a alimentos menos doces (e com menos teor de sal).
Portanto, trata-se de um problema circular (pescadinha de rabo na boca), a indústria não pode fazer alterações porque o consumidor, educado desde cedo por essa mesma indústria não aceita.
Os processados são a droga moderna: uma refeição com comida processada pode fornecer a energia que satisfaz as necessidades calóricas de um dia inteiro. Imagine o excesso de calorias numa pessoa com vida sedentária. O consumo de açúcar tem implicações para a saúde pública que se estendem para além dos aumentos das taxas de obesidade infantil e da diabetes do tipo 2. Há crianças cujos dentes definitivos já nascem com cáries. Portanto, vale a pena supreender-se e deliciar-se com pratos simples para aprender o verdadeiro sabor dos alimentos e reeducar o paladar. Depois de umas semanas com este hábito o seu paladar vai achar extremamente doces os alimentos que antes adorava exactamente por serem doces.
As maiores pragas do nosso tempo, como a diabetes e o cancro, são fortemente agravadas pelo consumo habitual de açúcar.
