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Oxalá cheguemos a velhos


Começo este texto pegando num parágrafo de uma publicação de André Barata, professor de filosofia e autor.


''Não somos verdadeiramente habitantes do mundo quando não nos deixamos tocar pelo mundo, que é também deixarmo-nos tocar uns pelos outros, pelo envelhecimento, as fragilidades. Nós, mas também as coisas de que nos rodeamos, feitas de plástico, sintéticas, indiferentes aos agentes do mundo, resíduos perpétuos. Irónica e paradoxalmente, nesta nossa época esses plásticos e microplásticos são os modos mais presentes da vontade do para sempre. São o ouro desta realidade artificial com que substituímos o mundo.''


Ora, o envelhecimento com todas as suas particularidades é um processo natural. O termo velho é pejorativo, há centenas de tratamentos para retardar a visibilidade do envelhecimento, há formas de camuflar a presença dos idosos da sociedade. Em vez de renegarmos a representação do envelhecimento deveríamos falar mais sobre esta fase da vida, que na realidade pode nunca chegar, e viver de acordo com o que nos possibilitaria aumentar as hipóteses de envelhecer com saúde e vitalidade. O impacto do envelhecimento está relacionado com o estilo de vida, com a personalidade e crescimento pessoal do individuo e claro com o seu código genético, tornando-o mais ou menos susceptível a certas patologias.


Já alguém reflectiu na relação velho/criança? Como ambos beneficiariam se os lares e os jardins-de-infância pudessem partilhar espaços? Deixo este tema para outro altura.

Voltando à velhice, era importante a sociedade reconhecer que a roupagem é transitória e que dentro daquele corpo envelhecido, mais gordo ou mais magro, com mais rugas, com mais cabelos brancos há um espírito sábio que pode ensinar e deve ser reconhecido e valorizado. É espantoso como consideramos mais o corpo quando nos dirigimos a uma pessoa, é rara a pessoa que sente conscientemente a energia do outro. Há inclusive o mito que de estrelas de hollywood preferiam morrer antes de envelhecerem para que fossem recordadas jovens. Outras há que desaparecem dos holofotes quando envelhecem para que nunca as vejam ou por outra, para se salvaguardem dos comentário violentos a que são sujeitas por simplesmente estarem vivas.


A carne é fraca, envelhece, apodrece e desaparece, sabemos disso e esquecemo-nos ou também desconhecemos que além disso o espírito existe e é poderoso. Não vale a pena apontar o dedo à velhice, temê-la, escondê-la quando se renega o fluxo natural da vida. Que se tema se com ela vêm as consequências de um desgoverno emocional, físico, alimentar, cognitivo e social. É isso que se deve temer e para que isto não seja motivo de temor, todos, absolutamente todos temos de respeitar e acolher a velhice. E isto faz-se alertando para a prevenção de doenças, para a valorização da componente espiritual do ser humano e para o respeito para com quem é velho e precisa de apoio e ajuda.




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