Infelizmente, a maioria de nós só compreende as pessoas que estão à frente do seu tempo muitos anos depois da sua morte. Claramente que são pessoas disruptivas, que alertam, que clamam, que chamam a atenção, pela sua inteligência, conduta, e pelos seus valores mas principalmente pelas suas acções. Há muitas pessoas 'superiores' entre nós mas talvez as que mais sofram o ataque social e público são as mais mediáticas, as que têm estrutura para enfrentar o mundo político e económico. E como fazem isso?
Bom, de diversas formas, talvez a mais importante seja a de evidenciar de forma clara e simples as contrariedades e as imperfeições das políticas económicas e sociais.
Que impacto tem uma jovem, com aparência informal e casual, reunir-se com chefes de estado para esclarecer o impacto das medidas sociais na vida do planeta, que é também a nossa vida?
Que impacto tem uma jovem escolher estudar de perto os chimpazés, dedicado a sua vida a observá-los e a analisar o seu comportamento, recolhendo informação preciosa e motivando-nos a relacionarmo-nos com mais compaixão com os animais?
Que impacto tem um naturalista que faz da televisão o seu veículo de comunicação, alertando para as mudanças climáticas e o terrível impacto da nossa existência na natureza?
Estas acções têm muito impacto, quer naqueles que se incomodam, quer nos que se inspiram. Reconhecer o papel árduo destas pessoas é reconhecer que vêm com mensagens muito fortes que devemos ouvir e seguir. O seu caminho é pesado mas com elas está a força vital, da vida e do mundo.
No entanto, é com tristeza que constato que nem
têm nas suas mãos o poder de mudar radicalmente a acção dos governos e das empresas poderosas. A agenda política e económica não se coaduna com as excepcionalidade destas e doutras pessoas, da mesma forma que não se move pela compaixão e humanidade.
A ética não dá dinheiro, a ética perde-se porque é aniquilada pelo emaranhado de corrupção e oligarquismo. E quem abre caminhos tem a vida dificultada, o poder é dado aos medíocres.
As teorias rebatem-se e deixam de ter impacto prático. Infelizmente, no seu tempo movem muito pouco embora se repercutam nos tempos futuros, no coração das pessoas e na sua consciência.
Cada um de nós pode, de facto, estar à frente do seu tempo e com o seu exemplo plantar no seu meio familiar, na rede social ou profissional, formas de ser e estar diferentes, que primeiro parecem ridículas, depois curiosas e depois atractivas.
Cada um de nós tem o seu plano traçado e não vale a pena fugir aos desígnios de crescimento do espírito que pertence ao todo, tomando de empréstimo este corpo, que tantas vezes menosprezamos.
