Viver implica, muitas vezes, reconhecer que a nossa vontade, mesmo sendo esta boa, genuinamente boa, tem um peso relativo naquilo que é a energia vital do universo e que faz como que o tempo (também relativo) avance e propicie dinâmicas, relações e estruturas.
Controlamos tão pouco os outros e ao mesmo tempo colocamo-nos tão dependente deles. Construímos a nossa estrutura sobre castelos de areia em ruína a qualquer momento, e a qualquer momento encontramo-nos prostrados e desmoronados.
O amor-próprio e a oração, como ligação a um plano espiritual mais elevado, são talvez as únicas bóias de salvação, num momento de dor, de desânimo, de desilusão e de injustiça.
É ingénuo descer à terra e esperar um caminho de flores e de beijos, antes pedras e armadilhas. Cair a cada passada é um acto de coragem, levantar é um acto de resistência. Quer-se uma resistência calma e apaziguada porque o fim do caminho chegará para voltarmos às flores e aos beijos.
A aprendizagem implica cuidar de mim e quebrar padrões. Por hoje basta! Não volto a cair no que reconheço ser de dor. Espinhos e rosas caminham juntos em meu coração, não prescindirei de um pelo outro, serei ambos, sejamos ambos.
Quando tudo o que podemos fazer, tudo o que está ao nosso alcance está feito, resta-nos abrir as mãos e largar o que de nós não depende. Não pré ocupe a sua mente e faça as pazes com os espinhos do seu coração, que eles podem defendê-lo e manter as pétalas intactas.
Desabafo e reflexão sobre o mim e sobre o mundo num turno de 24 horas em meio hospitalar.
foto: natal 2020
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