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  • Foto do escritorDra. Fátima Santiago

"SE DAMOS SENTIDO À NOSSA VIDA, CHEGAMOS À MORTE COM PAZ INTERIOR"


LAMA TULKU LOBSANG RINPOCHE é um reconhecido mestre budista nascido em 1976. Desde os 6 anos que estuda os ensinamentos gerais de todas as tradições budistas tibetanas, tendo-se tornado um verdadeiro mediador e transmissor dessas mesmas tradições. Os seus ensinamentos assentam nos ancestrais conhecimentos tântricos que constituem a base do budismo, medicina e astrologia tibetanos e de muitas das técnicas curativas mais conhecidas.


Nesta breve entrevista, percebe-se a clareza e a simplicidade de raciocínio que está ausente quando preenchemos o nosso tempo e não a nossa vida.


"Sou uma pessoa normal, penso o tempo todo. Mas tenho a mente treinada. Isso quer dizer que não sigo meus pensamentos. Eles vêm, mas não afectam nem a minha mente, nem o meu coração."


Quando um paciente chega para consulta, como sabe qual ou quais os seus problemas? R – Olhando para a forma como ele se move, a sua postura, o seu olhar. Não é necessário que fale nem explique o que se passa. Um doutor de medicina tibetana experiente sabe do que sofre o paciente a 10m de distância.


Mas o senhor também avalia os pulsos (método muito frequente na Medicina Chinesa)? R – Assim obtenho também a informação de que necessito sobre a saúde do paciente. Com a leitura do ritmo dos pulsos é possível diagnosticar cerca de 95% das doenças, inclusive psicológicas. A informação dada por eles é precisa como um computador. Para lê-los, é necessária muita experiência.


E depois, como realiza a cura? R – Com as mãos, o olhar e fitoterapia, chás e infusões de plantas e minerais.


Segundo a Medicina Tibetana, qual é a origem das doenças? R – A nossa ignorância.


Então, perdoe a minha, mas o que entende por ignorância? R – Não saber que não sabe. Não ver com clareza. Quando vemos com clareza, não temos que pensar. Quando não vemos claramente, colocamos o pensamento a funcionar. E quanto mais pensamos, mais ignorantes somos, mais confusão criamos.


Como posso ser menos ignorante? R – Vou ensinar um método muito simples: praticando a compaixão. É a maneira mais fácil de reduzir os pensamentos. E o Amor. Se amamos alguém de verdade, se não o queremos só para nós, aumentamos a compaixão.


Que problemas percebe no Ocidente? R – O medo. O medo é o assassino do coração humano.


Porquê? R – Porque, com medo, é impossível ser feliz e fazer os outros felizes.


Como enfrentar o medo? R – Com aceitação. O medo é resistência ao desconhecido.


Como médico, em que parte do corpo vê mais problemas? R – Na coluna, na parte baixa da coluna: as pessoas permanecem sentadas muito tempo na mesma posição. Com isso, tornam-se demasiado rígidas.


Temos muitos problemas? R: Acreditamos ter muitos problemas, mas, na realidade, o nosso problema é que não os temos.


O que isso quer dizer? R – Que nos acostumámos a ter as nossas necessidades básicas satisfeitas, de modo que qualquer pequena contrariedade parece-nos um problema. Então, activamos a mente e começamos a dar voltas e mais voltas sem conseguir solucioná-la.


Alguma recomendação? R – Se o problema tem solução, já não é um problema. Se não tem, também não.


E para o stress? R – Para evitá-lo, é melhor estar louco.


??? R – É uma piada. Mas ao mesmo tempo não é uma piada. Eu refiro-me a ser ou a parecer normal por fora e, por dentro, estar louco: é a melhor maneira de viver.


Que relação o senhor tem com sua mente? R – Sou uma pessoa normal, penso o tempo todo. Mas tenho a mente treinada. Isso quer dizer que não sigo meus pensamentos. Eles vêm, mas não afectam nem a minha mente, nem o meu coração.


O senhor ri muito? R – Quando alguém ri abre-nos o seu coração. Se você não abre seu coração, é impossível entender o humor. Quando rimos, tudo fica claro. Essa é a linguagem mais poderosa que nos conecta uns aos outros directamente.


O senhor acaba de lançar um CD de mantras com base eletrónica, para o público ocidental. R – A música, os mantras e a energia do corpo são a mesma coisa. Como o riso, a música é um grande canal para nos conectar com o outro. Por meio dela, podemos abrir-nos e transformar-nos: assim, usamos a música na nossa tradição.


O que gostaria de ser quando ficar mais velho? R: Gostaria de estar preparado para a morte.


E mais nada? R – O resto não importa. A morte é o mais importante da vida. Creio que já estou preparado. Mas, antes da morte, devemos ocupar-nos da vida. Cada momento é único. Se damos sentido à nossa vida, chegamos à morte com paz interior.


Aqui vivemos de costas para a morte. R: Vocês mantêm a morte em segredo. Até que chegará um dia na sua vida em que já não será um segredo: não será possível escondê-la.


E qual o sentido da vida? R – A vida tem sentido e não tem. Depende de quem você é. Se realmente vive a sua vida, então a vida tem sentido. Todos têm vida, mas nem todos a vivem. Todos temos direito a sermos felizes, mas temos que exercer esse direito. Do contrário, a vida não tem sentido.




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©  2024 por Medicina Integrativa Dra. Fátima Santiago

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