É do conhecimento geral que em determinadas comunidades e tribos a idade era um posto, os anciãos, homens e mulheres, eram sábios, cuidados e olhados com respeito pelos mais jovens. Não só porque já tinham vivido mais mas porque essa vivência era valiosa para melhorar a vida da comunidade ou da tribo.
O ancião reúne saberes relativos à cultura, à ciência tradicional e à história de um povo. De forma muito superficial,foi com o surgimento da agricultura, do sedentarismo e mais tarde com o surgimento do pensamento racional e da filosofia antiga grega que o homem passa a colocar-se no centro da vida e a tentar pelo seu pensamento e racionalidade, elevar-se à natureza. Aqui começa o culto da força, da vitalidade e da juventude fazendo com que a velhice seja sinónimo de fraqueza, término e incapacidade. Já na época da Revolução Industrial e velhice era um impecilho. A medicina tradicional deu lugar à medicina moderna. Portanto os conhecedores de plantas medicinais eram considerados bruxos e feiticeiros.
E com este pequeno parágrafo quero dizer concretamente que hoje o não saber é mais valioso do que o saber. Hoje uma mente vazia e oca pode ser preenchida por qualquer ideologia (a ideologia é somente o decreto de determinada moral) e assim levada a alimentar o jogo do sistema que premeia a mediocridade desde que sustenha quem está no poder. A corrupção é transversal a todas as áreas da sociedade, basta lermos os jornais e outros meios de informação.E parece que o choque é de curta duração porque em qualquer momento da nossa vida assistimos ao jogo e até já compactuámos com ele. Os jogos políticos globais são suportados, seguidos e respaldados por todos, somos os alicerces a querer ser cúpulas, altas cúpulas,ainda que podres.
Hoje quem trabalha com afinco não pode reclamar justiça, dignidade e integridade porque os valores perderam-se em troca da senescência de uma sociedade e dos seus indivíduos que espezinham a sabedoria. E como dizia Albert Einstein começamos a morrer assim que começamos a parar de aprender.
