Faz muita falta à sociedade falar da morte e ter consciência não só da sua inevitabilidade mas do que ela representa para o corpo e para a alma, que apesar de não ser visível está presente e representa a vida no corpo.
Faz igualmente falta percebermos que os vivos não são incompetentes por deixarem morrer quem precisa de morrer, a morte não é uma catástrofe, é tão natural como a vida. Custa, causa sofrimento, pesar, dor, emociona mas faz parte da nossa passagem. Aceitar, compreender e integrar esta fase da vida é um sinal de inteligência, sensatez e maturidade.
As sociedades, em geral, estão demasiado apegadas à matéria e ao corpo. Somos educados desde cedo a não dar importância ao que sentimos nem a explorarmos a espiritualidade, no sentido de compreendermos o que somos e que se há um mistério sobre a nossa origem e destino, é porque não temos capacidade para integrar essa informação.
As matérias escolares e as doutrinas religiosas pouco ou nada incluem este tema de um ponto de vista idóneo, nem prepararam os indivíduos para a morte. Não quero dizer que façamos disto o centro das nossas vidas mas fingir que somos importais, que o nosso fim não chegará, que o fim dos que amamos tardará só atrasará a preparação essencial à morte.
A morte requer um ambiente pacífico, calmo, de leveza e de amor. O ideal seria que a pessoa morresse perto dos que ama, enquanto estes lhe dão a mão, lhe sorriem e lhe dizem o quanto a amam. Sem dor, com amor, com respeito, dignidade e proximidade. Conversar sobre estes temas deveria ser mais natural, ainda que cause dor e comoção. No momento da morte, todos os bens e sucessos conquistados ficam reduzidos a um passado e à memória. Acredite que para conquistar e possuir bens materiais não vale a pena sacrificar os seus ideais e valores, o tempo que pode estar perto dos seus, as suas paixões, uma vida saudável, alegre e com propósito.
Viva bem para morrer bem.
