Quem se recorda do conto sobre Hensel e Gretel certamente percebe que a alegoria do medo está presente: o medo da solidão pelo abandono dos pais, o medo da fome e depois o medo da morte em casa da bruxa má que antes representara a esperança de abrigo na floresta onde estavam perdidos.
Hensel tinha fé e esperança, acreditava que acontecesse o que acontecesse a provisão divina haveria de os encaminhar. Hensel representa a coragem perante o medo, que pode ser mestre ou carcereiro.
Somos ensinados a recear desde o primeiro dia, receamos os outros que são diferentes, receamos perder o que temos e receamos nunca alcançar o que desejamos. O medo faz com que prescindamos dos nossos valores, privacidade, sonhos e crescimento.
Não encaramos uma nova perspectiva de vida pelo medo do insucesso ou da perda. Permitimos que tudo o que fazemos seja vigiado (contas, telemóveis, computadores, passeios de carro, tudo, absolutamente tudo) em nome de uma segurança ilusória e aparente. Quem nos vigia e controla cria os nossos inimigos, fantasmas e sombras a temer.
Tememos a vida e a morte, tememos a doença e a cura, tememos a fome e a comida. A crença temerária a Deus e ao Diabo da tradição judaico-cristã molda-nos a tenacidade e a coragem. Como dizia Osho 'A vida começa quando o medo termina'. O medo é um mestre que nos ajuda a reconhecer o nosso limite e é esse limite que ora devemos respeitar ora devemos ultrapassar, de acordo com as situações e com as nossas capacidades.
![](https://static.wixstatic.com/media/6b3ce6_634a123239ec48d789c75fef73928d18~mv2.jpg/v1/fill/w_91,h_130,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/6b3ce6_634a123239ec48d789c75fef73928d18~mv2.jpg)