Estamos a perder a sensibilidade do tacto. As pessoas têm demasiado contacto com superfícies lisas e de formas regulares, sem rugosidades, sem textura, sem formas irregulares. A introdução de aparelhos tecnológicos na vida da criança é hoje muito precoce, tornando-se inclusive uma realidade permanente. Há crianças que tocam num tablet e num telemóvel com mais consentimento e regularidade do que em pedras, paus, terra e outros elementos naturais. Estes têm formas irregulares, têm textura, cor, cheiro e relação com a pele: sujam, magoam, deixam marcas. A criança aprende, assim, a adaptar-se e a regular a sua própria força, a forma como toca, como se relaciona com aquele elemento.
O mesmo acontece com os adultos, habitualmente vemos pessoas que na aposentação se dedicam a jardinagem, agricultura, pintura, cerâmica, olaria, marcenaria e outros trabalhos manuais.
Nas crianças o trabalho manual é essencial para o desenvolvimento da psicomotricidade e da coordenação, além de reforçar a auto-estima, garantir bem-estar e acima de tudo uma aprendizagem sobre e com o corpo. Já nos adultos, é um aliado para a estimulação da motricidade e coordenação que se pode ir perdendo com a idade e um garante de relaxamento.
Pode existir um verdadeiro resgate do tempo, da pausa e do silêncio tão fora do comum hoje em dia.
Quer seja um passatempo ou um talento procure um trabalho manual que o confronto com material (papel, tela, tinta, barro, terra, etc) e o seu corpo. Procure investir nessa relação com tempo e disponibilidade, verá que a nível emocional, físico e cognitivo terá benefícios.
Estamos todos a ficar monocórdicos, automatizados e robotizados. A ligação com a Natureza perdeu - se até porque nós profanamos de tal modo a natureza que ela deixou de ter a sua qualidade natural.
