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  • Foto do escritorDra. Fátima Santiago

Um dia quase igual aos outros


Sendo hoje um dia quase igual aos outros não o é porque é o dia do meu aniversário. E como tantos dias de muito trabalho no hospital, ainda houve tempo e espaço para encontrar afecto e amizade. Afinal, o aniversário deve ser uma festa e uma celebração em qualquer etapa da vida. Termos o privilégio e a coragem de experienciar esta vida, tem que merecer alguma celebração. Honrar o nascimento, é honrar toda a linhagem: a que veio antes de nós e que continuamos e a que vem depois de nós para a qual contribuímos.


No dia de hoje reflicto sobre a felicidade que é agir em favor em vez de lutar contra. Agir contra o medo, contra o exacerbado ego e aceitar as linhas da vida, cumprindo-as da forma mais nobre e honesta que é possível, tendo em conta as circunstâncias mas também criando essas mesmas circunstâncias "Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim", José Ortega Y Gasset.


Termino com um poema de Mário de Sá-Carneiro. Se tiver oportunidade leia em voz alta.

Quase


Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém...


Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído Num grande mar enganador de espuma; E o grande sonho despertado em bruma, O grande sonho - ó dor! - quase vivido...


Quase o amor, quase o triunfo e a chama, Quase o princípio e o fim - quase a expansão... Mas na minhalma tudo se derrama... Entanto nada foi só ilusão!


De tudo houve um começo ... e tudo errou... - Ai a dor de ser - quase, dor sem fim... Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim, Asa que se elançou mas não voou...


Momentos de alma que desbaratei... Templos aonde nunca pus um altar... Rios que perdi sem os levar ao mar... Ânsias que foram mas que não fixei...


Se me vagueio, encontro só indícios... Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; E mãos de herói, sem fé, acobardadas, Puseram grades sobre os precipícios...


Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí... Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi...


Um pouco mais de sol - e fora brasa, Um pouco mais de azul - e fora além. Para atingir faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém...


Listas de som avançam para mim a fustigar-me Em luz. Todo a vibrar, quero fugir... Onde acoitar-me?... Os braços duma cruz Anseiam-se-me, e eu fujo também ao luar...




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